Ahh...
A maternidade! Quanta beleza, quanto glamour, tanta delicadeza, amor
incondicional e dedicação. Sim, tem tudo isso na maternidade, mas é hipocrisia
não mencionar os pontos contra também. A maioria das pessoas pintam as mães
como heroínas, criaturas quase divinas, que tudo suporta em razão dos filhos.
No entanto, na realidade a coisa não é bem assim. Também somos humanos falhos e
cheios de fraquezas. Nós nos estressamos, piramos, enlouquecemos, sentimos
dores (sim, ficamos doentes de vez em quando também). Temos os bons e os maus
dias, e nem todos os dias estamos dispostas a sermos mães carinhosas e
afetuosas o tempo inteiro.
Tá
certo, daqui pra frente falarei por mim, porque já já vem as hipócritas, seus com
discursos lindos, dizendo que ser mãe compensa qualquer coisa. Mas será que compensa
mesmo? Eu amo meu filho, amo demasiadamente, contudo, sinto falta de me
debruçar sobre um livro e ler sem me preocupar com a hora de parar para fazer a
comida dele. Sinto falta de ouvir música até enjoar sem me preocupar com o que
meu filho tá aprontando lá na cozinha sozinho. Sinto falta de um pouco de
solidão, de curtir um momento só meu. Sinto falta de estudar horas a fio sem
ter que parar para lhe dar um pouco de atenção. Sinto falta de passar o fim de
semana de pernas para o ar sem me preocupar com a ideia de ter que deixar a farda
da escola pronta para a segunda-feira. Muitos vão dizer que ser mãe é um
sacrifício que vale a pena. Mas será que vale mesmo? Quantas coisas eu tive que
deixar de fazer para cuidar do meu filho, quantas oportunidades deixadas de
lado porque simplesmente não dá pra conciliar as duas coisas, não tem com quem deixa-lo,
não sobra mais dinheiro pra nada. Algumas vezes tive que abrir mão de sonhos e
projetos para me dedicar à maternidade e pra quê? Um dia ele vai crescer, vai
viver sua vida longe de mim, vai atrás de seus próprios sonhos e eu estarei
aqui, um pouco frustrada por tudo o que deixei de fazer.
Não
estou dizendo que ser mãe é a pior coisa do mundo, tem suas recompensas também.
Receber um carinho de um filho e um eu te amo sincero, pode melhorar um momento
ruim, pode fazer esboçar um sorriso inesperado. Eu só estou dizendo que estou
cansada. Cansada não, esgotada. Porque a responsabilidade tem sempre que ser
maior para a mãe do que para o pai? Onde está a paridade familiar? Se quando o
casal cria os filhos juntos já é difícil, imagine para uma mãe que cria
sozinha. Muitas vezes a atuação do pai se limita a um pagamento de pensão, e
acreditem, ele realmente acha que é o bastante.
É tão injusto ser mulher. Carregamos pesos que muitas vezes não
suportamos, essa é a verdade. Talvez muitas mães até concordem com algumas coisas, mas muitas nem ousam revelar isso. É quase um tabu falar mal da maternidade. Mas eu digo e repito: ser mãe não é e nunca será um mar de rosas.
Por
isso meninas, antes de se decidirem pela maternidade, pensem. Mas pensem muito
e pensem com todo o cuidado do mundo. Avaliem as suas prioridades, seus
projetos de vida, aonde querem chegar. Só depois decidam se dá pra conciliar, e
se não der, decidam o que é mais importante para vocês. Desculpem o desabafo, estou
cansada e de TPM... Precisava falar...
Aline Teodosio..